Preparando para realizar um sonho.

Por um tempo quando ainda era jovem eu admirava as belezas do sul de nosso continente como algo quase intangível. Por costumar fazer trekking àquela época e percorrer muito minha região que era montanhosa, sonhava em um dia poder ver o Aconcágua de perto. Me deleitava com as fotos da cordilheira. Com o passar dos anos e uma vez trabalhando acabamos deixando de lado alguns sonhos. A tendência da vida é focar na profissão, nos problemas do dia a dia e, por motivos outros, nos afastamos das idéias da juventude. Mas foi de repente, ao parar par pensar no quão próximo estava de minha aposentadoria e ver que não havia nada definido no após "alforria", que veio a idéia de conhecer o mundo. Inicialmente uma viagem de moto ao Uruguay. Depois a idéia de extender um poco mais e ir de carro até o fim do mundo - Ushuaia. E assim tudo começou.

Empolgado com a idéia e ao mesmo tempo frustrado com o trabalho resolvi que seria uma boa hora para inciar um rascunho de planejamento, um traçado. De certa forma isso virou um modo de ocupar a mente do estresse diário. Assim, em meados de outubro de 2011 comecei a traçar o caminho a percorrer, a ler blogs, assisitir Vlogs, mais um sem número de aventureiros em vídeos no youtube e não mais parei. De uma viagem a Ushuaia ela acabou se tornando um giro pelas Américas.

Apesar da decisão tomada, o que vi inicialmente ao compartilhar a idéia com colegas, amigos e familiares foi um grande ceticismo. Com o passar do tempo, com a proximidade da aposentadoria e o foco no planejamento e na pesquisa, sem me deixar abalar pelas impressões alheias, o Projeto finalmente foi ganhando forma. Há que se dizer que muito me facilitou o fato de ter uma pessoa a meu lado que também é louca por viagens e aventuras e que vem dividindo todo esse tempo me auxiliando no Projeto. Minha esposa além de fotógrafa é uma apaixonada pela estrada e a idéia de se lançar estrada afora nos contamino por completo . 

Bem, e foi assim, após cinco anos se dedicando a formalizar esta aventura que hoje temos um esqueleto pronto. Falta ainda afinar o que já foi desenhado, mas o conceito, a idéia já está pronta. Rota definida.

Como disse, agora vem a fase do detalhamento dos itens a serem adquiridos para viabilizar a viagem, das características dos locais que visitaremos e da finalização do orçamento. Infelizmente estamos iniciando o Projeto na pior fase em que vivemos no país, com o recrudescimento da economia, crises e mais crises. O impacto tem sido grande uma vez que se perde muito poder aquisitivo. Apesar de tudo isso, do baque no orçamento principalemente nos preparativos, no que chamamos de “pré-viagem”, o foco permanece e a saída para estrada já tem uma data – 12 setembro de 2017.

Agora é a corrida contra relógio para estarmos prontos para o início da aventura.

Está chegando a hora!

Parece que foi ontem. Aquela ansiedade, frio na barriga, minha mãe chorando, um monte de gente estranha, e eu pela primeira vez ficando longe de casa, longe dos meus pais - 01FEV1985.

Depois de 32 anos de serviços prestados chegou a hora de ir embora. O momento agora que vivo é de grande ansiedade, mas o interessante é que não estou vivendo nada parecido com saudosismo, tristeza por deixar amigos no trabalho ou coisa parecida. Chega a ser estranho, mas o que vivo agora é um misto de desespero para que acabe logo, para que eu possa dar seqüência a essa nova etapa da vida. Ainda por esses dias participei de uma apresentação/palestra exatamente sobre isso, onde foi reunido um grupo de pessoas que estavam próximas da aposentadoria para nos incentivar a participar de um curso preparativo, com foco em trabalhar a mente de modo a iniciar o processo de desligamento gradual da dependência da rotina de trabalho, o que em muitas vezes é motivo de depressão pós aposentadoria. Vi ali, durante a apresentação, alguns já com sentimento de melancolia, uns bastante preocupados com o que virá dali em diante. Sinceramente me senti um peixe fora d’água. Estou tão tranqüilo com o virá pela frente, já vi tanta coisa que pretendo fazer daqui pra frente que já começo a ficar preocupado se terei tempo para tudo isso. Rsrsrs.

O que vivi ao longo de todos esses anos na profissão foram maravilhosos. Pude realizar um sonho de infância que era voar na Amazônia. O trabalho me deu oportunidade de conhecer gente muito bacana, lugares sensacionais no país e fora do país, mas o mais emocionante. lugares aqui onde muito poucos brasileiros puderam estar. Conheci um Brasil que o “Brasil” não conhece. Tive a oportunidade de fazer a diferença em muitas oportunidades voando esse Brasilzão. Muitas estórias pra contar. Logicamente que teve seus momentos ruins, gente que não vale a pena, mas isso não importa. O que vale mesmo é o que vivi de bom. Muito disso nas asas da Força Aérea. 

Bom, falta um pouco mais de dois meses para que eu alcance a tão sonhada alforria. Sonhada porque quero aproveitar o máximo que puder meu tempo que estará de certa forma livre de compromissos. Não pretendo mais me envolver profissionalmente com nada. Virar um vagabundo? Quase isso. Rsrsrs. Na verdade eu acabei tendo a certeza de que deveria me esforçar em aproveitar meus próximos anos após meu acidente. Não dá para ficar adiando planos de aproveitar a vida se ela, de um dia para o outro, pode simplesmente te dar um game over. E assim, vamos aquecendo já para o que será o primeiro grande evento de alforriado 2017 – mudança! ( nããããããooooo! Eu odeio mudança!!!!!!! Mas essa não tem jeito) 

Será que escrevo já sobre algumas ideias que tenho pra 2017?

Resumo 2014/2015

O ano de 2014 foi muito especial. Na área profissional foi um turbilhão de mudanças,  com direito a sacrifícios e muitas frustrações.  Fechei o ano com 3 mudanças de setor de trabalho devido particularidades da própria instituição. Não satisfeito com o fechamento mas são ossos do ofício.

No que diz respeito ao lado pessoal, este ano foi muitíssimo especial com a vinda da minha filha para viver comigo depois de tantos anos. E isso envolveu muita coisa. Da rotina diária até o lidar com uma jovem que está descobrindo a vida. São emoções fortes. Às vezes uma verdadeira montanha russa. 

Ainda no que diz respeito ao lado pessoal, este ano de 2014 experimentei uma melhora considerável na minha recuperação com relação ao acidente sofrido em 2013. Tudo começou com o início da natação em fevereiro e depois com o pilates em agosto. Esse último então me deu a verdadeira dimensão de como os exercícios têm me feito bem e de como preciso deles para ter qualidade de vida pós acidente.
Vida que segue.

Bom, e foi com essa melhora de qualidade que venho enfrentando no meu dia a dia que começo uma nova etapa, uma das mais difíceis provavelmente, que é da se preparar para deixar de trabalhar. Depois de uma vida bem ativa, com tanto para se levar na bagagem, é hora de planejar como será o amanhã. Principalmente para poder continuar bem, de saúde e de cabeça.
Muito de meus conhecidos de trabalho se aposentam já com um novo posto de trabalho engatilhado. Eu penso diferente. A única coisa que tenho como certo após eu me retirar será a de que não quero trabalhar. A idéia fixa na minha mente hoje é a de que tenho que tentar aproveitar a vida, conhecer lugares novos, gente nova, coisas novas, enfim, viajar. Não consigo pensar diferente depois de ter passado o que passei em 2013. E foi pensando assim que dei continuidade ao planejamento de uma grande viagem de carro pela América do Sul que, após praticamente 5 anos de estudos, resolvi extender para uma viagem pelas Américas.
Sobre a viagem irei fazer um post específico.

E chegou 2016! Último ano de trabalho. Último ano de Rio de Janeiro. Mas sobre isso a gente comenta mais adiante.