miércoles, 24 de julio de 2013

A certeza da impunidade - Rio de Janeiro

É incrível como temos que conviver com constantes absurdos no trânsito do Rio de Janeiro. A única explicação que encontrei para tentar entender essa rotina diária de desrespeito foi acreditando que isso ocorre pela certeza da impunidade de quem o faz.
Lembro de ver, por volta de 2009, um outdoor ao longo da avenida Brasil disponibilizando o serviço para recorrer de multa de trânsito. Àquela época já achei absurdo o incentivo a tal conduta, realizada desta maneira, ostensiva e chamativa. Por isso que acho que hoje o que se vive na cidade é o reflexo desse tipo de postura. No meu ambiente de trabalho convivo com várias pessoas "instruídas" que acham completamente normal desrespeitar, ignorar, o que está mais do que claro na Lei nº 9.503, o Código Brasileiro de Trânsito. E se cometem erros, arranja-se uma maneira de recorrer.

Diariamente passo pela rotatória chamada cebolão na Barra da Tijuca e, também diariamente, nas primeiras horas do dia, entre  06:00h e 06:40h se pode observar ônibus, vans e carros parando para descer passageiros na lateral direita, próximo a uma passarela, em um local onde parar é totalmente proibido e perigoso para aqueles que por ali transitam. Eu particularmente cruzo sempre com um ônibus da empresa Ingá ou outro da empresa Pégasus parado ali, são os mais rotineiros nas paradas irregulares neste ponto (ou mais fáceis de se identificar pelo chamativo do nome da empresa na lateral e traseira do veículo).

A passarela em frente ao terminal Alvorada. Apesar do guarda, não existe o respeito pois sabem que esse tipo de guarda não multa. É sério!

Outro local de parada absurda de coletivos e veículos particulares é na avenida Ayrton Sena, na altura do Barra Music, sentido centro. Colocaram uma grade para evitar que pedestres queiram se arriscar a cruzar a pista central, mas isso de nada adiantou. Pior que isso, destruíram parte do gradil para cometerem outro absurdo, pegar carona ou condução paga. O que se vê diariamente são pessoas aguardando suas conduções e caronas embaixo da passarela, exatamente na pista central. Eu cruzo diariamente com ônibus ( os mais comuns são das empresas Santo Antônio ou da empresa Santa Cruz parados ou parando por ali coletando passageiro), fora os veículos particulares que também param vez ou outra como já observei. E se eu vejo isso diariamente será que a fiscalização ou o poder público também não enxerga?
Esse descaso cansa, revolta.  
É possível observar parte da grade quebrada e pessoas aguardando "carona" no canteiro.

Novamente é  possível observar parte da grade quebrada e pessoas aguardando "carona" no canteiro.

Novamente é  possível observar parte da grade quebrada e pessoas aguardando "carona" no canteiro.

Novamente é  possível observar parte da grade quebrada e pessoas aguardando "carona" no canteiro.


Por fim, só mais um lamento que gostaria de postar aqui é a dificuldade de se tentar também respeitar algumas regras. Eu costumo ir trabalhar de moto e transito pela linha amarela diariamente. Andar a 80km/h na pista da direita é praticamente impossível. Por várias vezes ônibus e carros encostam bem próximo da sua traseira e por vezes chegam a inclusive piscar o farol. O pior e que a velocidade máxima na pista da direita são os exatos 80km/h. Ou você acelera ou é engolido.
Isso é só uma amostra do pesado fardo diário de quem tenta sobreviver no trânsito carioca. 

Pois bem, esse relato foi escrito como um rascunho para publicação em meados de abril. Semanas depois acabei sendo vítima desse trânsito sem lei. Ao parar num sinal na avenida Ayrton Senna, em frente a loja da Etna, um desatento não percebeu a tempo, ou quis mesmo ultrapassar o sinal e, quando me viu parado, juntou nos freios. Quando percebi que o choque seria inevitável tentei sair com a moto. A partir daí foi tudo muito rápido na minha mente, não estou seguro se o veículo chegou a encostar na traseira da minha moto, só sei que tentei sair daquela situação e me desequilibrei, ao ver que não conseguiria segurar a moto que caía lateralmente para a direita, tentei largá-la e "cair em pé". Neste momento senti alguém batendo nas minhas costas e me arremessando para frente da moto. Ou seja, outro animal, que também estava avançando o sinal, só que na faixa da direita me acertou. Resultado: uma vértebra esmigalhada (L1) e outra quebrada (L2). O desespero foi grande porque logo após o choque não sentia minhas pernas.
Até hoje ainda não sei quem foi que bateu, muito menos a versão deles do ocorrido porque, assim que chegaram os bombeiros, sumiu todo mundo. Lamentável. Mas apesar da dor, o carro que bateu nas minhas costas eu anotei a placa e passei pra polícia.
Deus me deu uma nova chance e hoje estou no início de um longo processo de recuperação, com um "H" de metal na coluna mais oito parafusos. Mas estou andando de novo. Está sendo doloroso, mas supero isso. Como diria um amigo meu "Estou no lucro" .

Parte dos parafusos instalados na coluna.



1 comentario:

  1. Você sabe que sentimos muito por ter acontecido isso com você né meu amigo? E sabemos o quento o trânsito no Brasil é caótico e o quanto as pessoas gostam de infringir as leis... Mas estamos muito gratos por você estar bem e andando novamente, estamos sempre na torcida por vocês! Abração tamanho família e em família. Sandra e Flávios.

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